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Construção civil tem muito a contribuir para a reconstrução do País

atualizado em 16/05/2020

Após a busca de soluções para os problemas mais urgentes resultantes dos efeitos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) está focada no momento da reconstrução do País. "Entendemos que o único setor que tem condições de pautar a retomada do crescimento é o da construção, por diversos fatores: depende de produto nacional, não está atrelado a importação de tecnologia para acontecer e tem um contingente de mão de obra muito grande", afirmou o presidente da CBIC, José Carlos Martins, durante ?Live do Sinduscon-RS sobre Desafios e oportunidades no mercado imobiliário?, realizada no dia 12 de maio.

Segundo o dirigente, emprego bom é aquele que se propaga ao ser criado. "O imóvel que entregamos continua a gerar, na sequência, novos empregos. A construção civil tem esta capacidade quando atinge, direta ou indiretamente, cerca de outros 97 segmentos. É muito mais inteligente para qualquer governo partir de setores produtivos que envolvam diversificação e regionalização na atividade, na retomada da economia", explica.

Durante a live, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Aquiles Dal Molin Junior, abordou as transformações que a pandemia provocará no mercado. Conceitos e situações têm de ser revistos. Sob esse aspecto, apontou a necessidade do setor repensar seus produtos.

"O isolamento acelerou a inserção das pessoas no mundo digital de forma imensurável", exemplificou com o mercado imobiliário. "Se antes a tendência eram empreendimentos que priorizassem o compartilhamento de serviços, por meio da ampliação das áreas comuns, hoje o trabalho em home office e reuniões online provocaram mudanças. Talvez o novo cliente das incorporadoras perceba como maior valor de compra a qualidade do tempo dentro de casa", observa.

Para Dal Molin Jr., as empresas terão que investir em pesquisas para descobrir os novos desejos e necessidades do momento.

A crise provoca adaptações, propicia a reinvenção no enfrentamento das dificuldades e cria oportunidades. No caso específico da Covid-19, ainda exigiu um forte sentimento de preocupação com o outro. Com essa percepção, Juliano Melnick, diretor da Melnick Even, explicou a decisão bem sucedida da empresa em manter a Melnick Even Day neste ano, porém de forma 100% digital.

"Estávamos optando pelo cancelamento desse evento.  Porém, devido às consequências negativas para as imobiliárias e corretores, optou-se por buscar alternativas para a realização.  O resultado deu muito certo, o evento aconteceu de 31 de março a 15 de abril, com a venda de mais de 200 unidades (R$ 102 milhões de venda)", disse Melnick.

A grande crítica dos participantes na transmissão ao vivo foi direcionada às instituições financeiras, que aumentaram, de forma significativa, as exigências para financiar a produção, principalmente às pequenas e médias empresas.

"Os bancos estão duros com a cedência de crédito. Estão exigindo uma performance de vendas nos empreendimentos de 30 a 45% para financiar uma obra", afirma o diretor da Wollens, Ricardo Sessegolo.  Segundo ele, as entidades empresariais estão promovendo movimentos no sentido de exigir a flexibilização, por parte dos bancos neste momento do mercado.

Sessegolo apontou, ainda, uma maior valorização do imóvel como investimento. O Conselho Monetário Nacional baixou as taxa de juros em 0,75% (Selic- 3%) em maio, com previsão de redução na mesma proporção em junho. "Nunca se teve uma taxa tão baixa. Teremos aplicação financeira negativa. Na bolsa, as quedas nas ações têm sido frequentes. Acredito numa retomada de investidores para o mercado imobiliário após a crise passar", sinaliza Sessegolo. Até lá, o conselho de especialistas tem sido o da negociação com clientes e fornecedores, priorizando-se assim a proteção ao caixa das empresas.

A live do Sinduscon-RS contou, também, com a participação do diretor da Brain, Fábio Tadeu Araújo, que apresentou destaques de duas pesquisas (600 consumidores e 540 incorporadores), a última realizada em parceria com a CBIC.

Segundo resultados comparativos entre março e abril, registrou-se um aumento na intenção de lançamentos horizontais de 293 para 297. São mais R$ 3 bilhões ainda este ano somente em lotes. Com relação a prédios, a amostra apresentou um aumento de 296 para 586 lançamentos, o que equivale a aproximadamente R$ 30 bilhões em projetos de incorporação a serem lançados ainda em 2020.

Com relação aos consumidores, dos 600 entrevistados, somando de março para abril, 59% mantiveram a decisão de compra e 41% desistiram. Dos que desistiram, 15% poderiam voltar ao mercado no caso de redução de preço.

O levantamento foi realizado entre os dias 20 e 27 de março e a segunda entre 25 de abril e 2 de maio. A próxima será realizada em 10 de junho.

Foram mediadores da ?Live Sinduscon-RS sobre Desafios e oportunidades no mercado imobiliário? os vice-presidentes do Sinduscon-RS, Claudio Teitelbaum e Rafael Garcia. Confira!

Fonte: CBIC

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